quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

As tradicionais previsões para o inverno

Todos os anos se ouve de um e de outro nordestino sertanejo comentários de como será o próximo inverno.
Conversas essas que, geralmente, esbarram nas chamadas previsões, que são captadas em datas e variadas manifestações da natureza, fruto de observações curiosas dos antepassados.
A transmissão desse conhecimento vulgar, ainda hoje entre agricultores e afins, ocorre de boca em boca. Antes, existiam os almanaques, pequenas publicações, editados por diversos sobre essa temática, que se constituíam de estudos, segundo seus autores , fundamentados nas posições (orientações) de alguns corpos celestes chamados de planetas, incluídos na lista o Sol e a Lua, criteriosamente selecionados que dizem influenciar o destino da Terra. Alguns eram folhetins, outros no formato de cordéis, como os do profeta, assim eram denominados essas pessoas, horebense Pedro Miranda, que era radicado em Cajazeiras – PB, que os vendia na feira livre de Uiraúna, em algumas datas do ano. Ali estavam aconselhamentos para os dias que se devia preparar a terra, o plantio, o cultivo e tutti quanti;
Quais seriam os critérios (seriam os mesmos?) desses observadores para propalarem suas experiências nos dias de hoje, diante do atual quadro geral transformado em que se encontra a Terra: a começar pela vegetação devastada (desmatamento); pelo aprofundamento do lençol freático; pela atmosfera cheia de gases nocivos oriundos das queimas das descargas das turbinas dos aviões e chaminés das fábricas, notadamente, químicas; pelas experiências e explosões atômicas que ocorreram, a partir da década de 1930, essas que espantaram o presidente John Kennedy que assim se expressou, em 1961, ao ver uma delas: “o mundo não é mais o mesmo”; pela alteração do poder processador e transformador da água oceânica provocada pela enorme quantidade de lixo e dejetos depositados nos oceanos, que não mais está a decompor; e, ainda, a mudança da inclinação do eixo da Terra ocasionada por catástrofes naturais, como as grandes erupções vulcânicas, e as ocasionadas pelo homem com a extração do petróleo e de minérios em concentradas áreas do globo terrestre?
Realmente, pode-se dizer que a situação hoje é diferente, e as experiências já não falem mais, mesmo assim, veja algumas datas e acontecimentos importantes para se prevê o inverno, antes, considere-se o senso de intuição, de curiosidade e do propósito do observador, atributos que devem ser tratados como dom, além de um breve conceito de barra: que é a formação de nuvens com predominância do tipo cúmulos, que são anunciadoras de tempo chuvoso, compactas e homogêneas com coloração uniforme, a partir de 4 horas da manhã até ao nascer do sol e a partir dás 17 até ás 19 horas, ocasiões em que se pode constatar tempo claro (nada acinzentado) para o momento matutino e para o vespertino um sol escurecido, de tonalidade fogo:
1. De 1 a 6 de julho – a presença de tempo chuvoso no dia primeiro corresponde ao mês de janeiro, 2 a fevereiro, 3 a março, 4 a abril, 5 a maio, 6 a junho;
2. Durante o mês de julho – presença de dias nevoados com chuvas e relâmpagos, além da queda do mato que anuncia um bom inverno para o próximo ano;
3. Durante o mês de agosto e em novembro – não ocorrer chuvas nem relâmpagos;
4. Em 18 de outubro e véspera – deve ter tempo chuvoso ou pelo menos a presença de barra;
5. Em 8 de dezembro – a formação de barra na no dia ao amanhecer e anoitecer, ou a ocorrência de relâmpagos;
6. Noite de 12 para 13 de dezembro – dispor enfileiradas e separadas 6 pedras de sal (grosso) sobre uma tábua de madeira, no interior da cozinha ou outra dependência, cada uma significará um mês, de janeiro a junho, as que amanhecerem derretidas ou úmidas dizem inverno ao mês correspondido;
7. A partir de 13 de dezembro – a presença de tempo chuvoso no dia 13 corresponde ao mês de janeiro, 14 a fevereiro, 15 a março, 16 a abril, 17 a maio, 18 a junho, 19 a julho, 20 a agosto, 21 a setembro, 22 a outubro, 23 a novembro e 24 a dezembro a expectativa central é em torno dos meses de janeiro a junho
8. Ao anoitecer de 24, amanhecer e anoitecer de 25 de dezembro – a mesma observação do dia 8 com o acréscimo de um adjetivo versado por Patativa de Assaré: “…a barra do alegre Natá…”
9. Primeiro de janeiro – Não deve ter tempo chuvoso nem de preparo nessa data. Presença de neblina é seca na certa;
10. Mês de janeiro – se o tempo permanece com predominância de nuvens estratos (altas e acinzentadas) durante o mês de janeiro – haverá um mau inverno;
11. Primeira lua cheia do ano – a observação deve ocorrer ao amanhecer e ao anoitecer do dia da lua cheia ocasião em que se deve constar a presença de chuva ou a formação de barra, inclusive no surgir da lua se ela estiver vermelhada e ter uma barra é um bom sinal.
12. 19 de janeiro, dia de São Canuto, para alguns o último dia de experiência – a mesma observação do dia 8 e 25 de dezembro;
13. 19 de março – chamada de última esperança, por ser o dia de São José, um dos protetores da natureza, se chover nessa data é sinal de que ainda poderá se contar com inverno;
14. Estrela D’alva – no ano em que o planeta Vênus não fica alinhado com o Sol não há inverno no Nordeste, como ocorre desde 2010; e
15. O Vento do Aracati – a partir de 5 de setembro até o início de janeiro se for constante é bom sinal, se ele ficar mais de 10 dias sem açoitar é estiagem na certa.